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Dia do Sono: venda de remédios para dormir mais que dobrou em 2022

Estudo diz que 73 milhões de pessoas possuem distúrbios

Medicamentos de tarja preta são consumidos por diversas pessoas
Medicamentos de tarja preta são consumidos por diversas pessoas |  Foto: Marcelo Eugênio
 

Cerca de 250 mil medicamentos para dormir foram comercializados no ano passado no Brasil. O número é 58% maior que os vendidos em 2021, quando 110 mil remédios chamados tarja preta deixaram as prateleiras das farmácias. 

O levantamento é da Epharma, que reúne dados sobre a indústria farmacêutica no Brasil. Esta sexta-feira (17) marca o Dia Mundial do Sono. O excesso de consumo do medicamento vem chamando atenção de especialistas. 

"O tripé da saúde é alimentação, exercícios e sono. Precisamos cuidar dos três para que nossa qualidade de vida seja mais prazerosa e tenhamos longevidade", comenta Dra Soraia Cristiane Cassab, pneumologista com título de especialista em medicina do sono adulto e infantil e diretora do centro Hypisono. 

Distúrbios

Os distúrbios relacionados ao sono atingem cerca de 73 milhões de pessoas no país, segundo a Associação Brasileira do Sono (ABS). 

As três associações brasileiras associadas ao sono (Absono, ABMS e Abos) afirmam que ter uma boa noite de sono vai contribuir para melhorar a qualidade de vida e pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares (arritmias e hipertensão arterial) e diabetes; manter o peso corporal saudável, evitando a obesidade; fortalecer o sistema imunológico; liberar hormônios; consolidar a memória, concentração e aprendizado; regular o humor, diminuir o risco de depressão e ansiedade; reduzir o estresse; diminuir o número de acidentes, como os de trabalho e de trânsito.

A fadiga causada pela privação do sono ou pelo sono de baixa qualidade pode sobrecarregar física, mental e emocionalmente, com alterações do humor. A psicóloga clínica comportamental e mestre em Medicina do Sono Mônica Müller explica a evolução dos quadros de má qualidade do sono, com quatro sintomas principais. “Na insônia inicial, a pessoa tem dificuldade para conciliar o sono. O segundo sintoma é a dificuldade de manutenção. O terceiro é a insônia terminal, com despertar precoce - o indivíduo acorda antes do horário desejado/programado e não consegue voltar a dormir. Por fim, o quarto sintoma é o sono não reparador, com queixas de fadiga, cansaço extremo, o que dificulta à pessoa funcionar [bem] durante o dia”.

Recomendações

Para dormir bem à noite, os médicos recomendam hábitos saudáveis de higiene do sono:

  • Ir para o quarto somente quando estiver sonolento (a), para não ‘fritar’ na cama;
  • Manter uma rotina regular de horários para deitar e se levantar;
  • Reduzir ruídos e manter o ambiente escuro à noite;
  • Se necessitar levantar no período noturno, usar lâmpadas adequadas nos ambientes, evitando a luz branca;
  • Manter a temperatura agradável no quarto;
  • Evitar o uso de medicamentos para o sono sempre prescrição médica;
  • Manter fora do quarto animais de estimação que podem atrapalhar o sono;
  • Cerca de duas horas antes de ir para a cama, evitar o uso de telas (TV, celular e computador);
  • Evitar alimentação pesada próximo ao horário de dormir;
  • Evitar o uso de bebidas alcóolicas e com cafeína, como café, chás preto, branco e mate, chocolate, guaraná e outros termogênicos;
  • Evitar alimentos com glicose
  • Praticar exercícios físicos regularmente, mas, evitá-los três a quatro horário de deitar;
  • Perder o excesso de peso corporal;
  • Não dormir em excesso durante o dia para acumular cansaço físico e mental para a noite
  • Não fumar;
  • Para quem já apresenta dificuldades para pegar no sono ou se manter dormindo:
  • Não permanecer muito tempo na cama acordado;
  • Ao acordar no meio da noite, evitar conferir o horário
  • Se tiver os pés frios, usar meias para dormir;
  • Não pensar em preocupações diárias ao se deitar;
  • Evitar discussões e polêmicas, no início da noite.

Qualidade

Os especialistas explicam que a necessidade e o limite de horas de sono podem ser diferentes de pessoa para pessoa e são variáveis em cada fase da vida, conforme as alterações hormonais. Um recém-nascido, por exemplo, passa de 14 a 18 horas por dia dormindo, consideradas essenciais ao desenvolvimento, sobretudo, neurológico. Nas crianças, o sono contribui na liberação do hormônio do crescimento. Já a adolescência é caracterizada por uma situação passageira de mudança de padrão do sono. Nessa faixa etária, os adolescentes precisam dormir mais horas (de 8 a 10), com a tendência de dormir e acordar mais tarde. Em tese, os adultos necessitam, em média, de 8 horas de sono por dia. E com o avanço da idade, podem acordar mais vezes à noite e há maior propensão para dormir e acordar mais cedo. Durante o dia, os cochilos podem ser mais frequentes neste momento da vida.

O sono é dividido em duas fases: o sono não REM (Rapid Eyes Movement) e o sono REM. Os estágios do sono se alternam durante a noite. No sono não REM são quatro estágios:

1: Sono de transição: marcado pelo adormecimento. Nesta transição entre estar acordado e dormindo, há relaxamento dos músculos e pode ser caracterizado por cochilos;

2: Sono leve, com a diminuição dos ritmos cardíacos e respiratório e da temperatura corporal;

3: Sono intermediário: a atividade cerebral começa a diminuir e o corpo começa a entrar em um sono profundo;

4: Sono profundo: fundamental para o descanso do corpo, com a liberação de hormônios e recuperação de células e órgãos.

Após o quarto estágio, o corpo caminha para o sono REM, com atividade cerebral intensa. É a fase dos sonhos, fixação da memória e o descanso profundo, essencial para a recuperação e o acordar disposto.

Hábitos

Uma pesquisa global sobre hábitos e condições de sono em mais de dez países, feita pela ResMed em janeiro de 2023, com mais de 20 mil indivíduos, mostra que 49% dos brasileiros mantêm o hábito de usar telas para tentar adormecer, seguido pela prática da leitura (34%) e do costume de passar tempo com um familiar ou animal de estimação (20%), antes de dormir.

Com Agência Brasil 

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